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Rodrigo Freitas - rodrigo_adefreitas@hotmail.com

domingo, 30 de maio de 2010

1914 - O primeiro título e o primeiro ídolo

Quatro anos, dois meses e sete dias de vida foram suficientes para o Corinthians conquistar o primeiro título no futebol na sua História. Foi em 8 de novembro, na cidade de São Paulo, que o clube começou sua hegemonia estadual.

Na sua segunda participação na Liga Paulista de Futebol (LPF), o clube garantiu o título de forma antecipada, com a goleada por 4 a 0 em cima do Campos Elyseos. Em seguida, com a vitória por 3 a 0 diante do Lusitano, a equipe confirmou os 100% de aproveitamento no torneio (dez vitórias em dez jogos).

Os corintianos tomaram as ruas do bairro do Bom Retiro para comemorar a conquista do Estadual, o primeiro dos 26 que têm hoje.

Festejaram o título e o nascimento de seu primeiro ídolo: o atacante Neco, artilheiro do campeonato, com 12 gols. Promovido ao time principal aos 18 anos, Manoel Nunes, o Neco, liderou o ataque alvinegro por 17 anos. Ao lado do companheiro Amílcar Barbuy, foi o primeiro corintiano convocado para a Seleção Brasileira, em 1916.

Além de talentoso e temido pelos adversários, o atacante também foi um jogador folclórico, o que o ajudou a se tornar ainda mais popular em sua época.

– O Neco não levava desaforo pra casa. Em qualquer briga, ele tirava a cinta e partia pra cima. Ele jogava sempre com o cinta larga – lembrou Amílcar Barbuy, filho do ex-corintiano Amílcar.

Sete vezes campeão paulista e idolatrado pela torcida, que cantava “Tira a cinta, Neco!” sob ameaça de confusão, Neco, em 1929, ganhou um busto no Parque São Jorge.
Ele fez 296 jogos pelo clube e marcou 235 gols (0,79 por jogo).

Palavra da família - Amílcar Barbuy
Filho do ex-corintiano Amílcar

Neco-Amílcar foi uma dupla maravilhosa

Ao lado do Neco, meu pai fez parte do começo da hegemonia de títulos estaduais do Corinthians. Eles formavam uma dupla maravilhosa. Amílcar era um dos jogadores mais técnicos do Brasil. Jogava em função dos companheiros, da equipe, era um líder. Além da raça, tinha técnica, sabia jogar.

Como meu pai era muito reservado, falava pouco sobre os companheiros de time. Mas eu sei que ele guardou boas lembranças da união com o Neco. Eles formaram, com certeza, uma das maiores duplas do futebol brasileiro na época.

Neco, inclusive, começou a jogar no segundo quadro (uma espécie de time B da época) do Corinthians. Meu pai, que era o capitão e também treinador do time, foi um dos responsáveis por chamá-lo para o time principal. Ele viu que Neco tinha talento, era ótimo. Acertou!

Outro fato curioso, e que faz a nossa família ter muito orgulho, é o meu tio Hermógenes, litógrafo, ter desenhado o primeiro símbolo oficial do Corinthians, com as letras SCP. Aliás, ele criou os dois primeiros. O símbolo CP também foi ideia dele (usado entre 1910 e 1914). Enfim, é uma honra muito grande saber que os Barbuy estão cravados na História do clube.


Clube estreia 1º escudo oficial
Na várzea, os uniformes não dispunham de distintivos e quando passou a jogar a Liga Paulista, em 1913, o Timão teve improvisar duas letras (o “C” e o “P”) no peito. Já em 1914, Hermógenes Barbuy, litógrafo irmão do jogador Amílcar, criou o 1 escudo oficial, que estreou no amistoso contra o Torino (ITA), em São Paulo.