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sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Fiat 500 chega para tentar ser o "cult" mais "vintage e contemporâneo"













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02/10/2009 - 15h36
Fiat 500 chega para tentar ser o 'cult' mais 'vintage e contemporâneo'
CLAUDIO DE SOUZAEnviado especial ao Rio de Janeiro*
A Fiat apresentou nesta quinta-feira (10), no Rio de Janeiro, o 500, ou Cinquecento (em italiano, pronuncia-se "tchinquechento"), a versão atualizada do minicarro de 1957 que foi lançada na Europa pela marca italiana em julho de 2007, exatos 50 anos após a primeira encarnação do modelo. E o carrinho da Fiat é um sucesso: nesses dois anos ele ganhou um punhado de prêmios da crítica automotiva europeia e superou amplamente sua expectativa inicial de vendas: foram cerca de 400 mil unidades (contra 160 mil).Ele chega ao Brasil importado da Polônia (onde a Fiat tem uma fábrica) para aproveitar o hype dos chamados "carros de imagem" -- aqueles modelos para quem quer parecer (e aparecer) diferente e descoladinho. Fazem parte desse nicho, que na apresentação do 500 à imprensa a Fiat teve a ousadia de descrever como "luxo cult", os retrôs Mini Cooper, Volkswagen New Beetle e Chrysler PT Cruiser, além do minicarro smart fortwo. Todos custam de R$ 55 mil para cima.

Olha que coisa mais vintage: Fiat 500 renovado chega ao Brasil para ser cultNote-se que, em sua origem, o 500 era um carro barato, pensado para solucionar o problema da mobilidade numa Itália que, derrotada, sofrera demais com a Segunda Guerra. É certo que ao longo dos anos o Cinquecento evoluiu (em 1960 ganhou uma versão perua, e em 1968 uma de "luxo"), mas nunca deixou de ser um carro popular até sua morte, em 1975. Agora ressurge como item de culto, uma mistura de "vintage e contemporâneo", outra vez na descrição da Fiat. E isso tem seu preço.O 500 já está à venda em duas versões, ambas com opção de câmbio manual de seis marchas ou automatizado Dualogic, de cinco. O motor é sempre um 1,4 litro a gasolina, 16 válvulas, de 100 cavalos de potência (a 6.000 giros) e 13,4 kgfm de torque (a 4.250 giros). Seguem (alguns) conteúdos e os valores:
500 Sport: R$ 62.870
500 Sport Dualogic: R$ 66.930.
500 Lounge: R$ 64.900.
500 Lounge Dualogic: R$ 68.970O pacote de equipamentos do 500 é bem completo. Na versão Sport, traz, entre outros itens, sete airbags, ar-condicionado, sistema interativo Blue&Me, computador de bordo, controle de estabilidade, hill holder (frenagem de auxílio em aclives), freios a disco nas quatro rodas com ABS (antitravamento) e EBD (distribuição de frenagem), volante em couro com comandos integrados, direção elétrica e rodas de liga leve aro 15.
Lista completa de equipamentos do Fiat 500
A versão Lounge tem de série ar digital, teto fixo em vidro e -- item importante nesse carro -- regulagem de altura do banco do motorista. Nas variações Dualogic, mudam apenas a transmissão e o volante, que passa a ter borboletas para trocas sequenciais (que também podem ser feitas na alavanca).

Visto por trás, o Fiat 500 lembra um pouco o Ford Ka da geração anteriorEntre os opcionais para as duas versões, estão teto solar elétrico, rodas de liga aro 16 e bancos em couro. O 500 está disponível numa gama de cores interessante, batizada com nomes engraçadinhos em italiano. Resumindo, a versão Sport tem branco perolizado, preto, amarelo e vermelho; a Lounge tem essas opções, mais branco (sólido), cinza e um belíssimo azul escuro metálico.POR FORA E POR DENTROSe o antigo 500 era um triunfo da função sobre a forma, com dimensões, mecânica e detalhes de acabamento reduzidos ao mínimo para obter um máximo de economia e racionalidade, o atual é um exercício de estilo contemporâneo que brinca com a referência do passado.

MAIS IMAGENS DO 500
De certa forma, o carro de 1957 está contido no atual: a dianteira deste, por exemplo, é praticamente igual à antiga, repetindo os faróis redondos e os frisos ao lado do distintivo da marca. A grade para entrada de ar no carro novo é discretíssima, no para-choques -- um sinal de respeito ao carro do século passado, que tinha motor traseiro e, portanto, dispensava a grade frontal.Já a silhueta -- de apenas 3,54 metros de comprimento -- foi redesenhada para que o carro crescesse, ampliando o espaço interno e garantindo mais segurança aos ocupantes. Mas o formato de sino ainda é o mesmo do histórico carrinho. Também foi melhorada a aerodinâmica. Já a linha de cintura foi elevada, num toque para garantir a esportividade que quase todos os "carros de imagem" querem ter.O interior do 500 traduz bem a mistura do novo e do velho (ambos pretensamente charmosos) citada pela Fiat na apresentação do carro. O volante é multifuncional e os instrumentos unem mostradores analógicos e digitais. Uma seção de metal na cor da carroceria divide transversalmente o painel frontal, abrigando comandos por botões que parecem saídos de um túnel do tempo -- a referência mais imediata para o consumidor brasileiro é o Fusca do começo dos anos 1970.

Um Fiat 500 de hoje e um do passado: atualização das formas foi muito respeitosa
Mas é de propósito: logo abaixo estão seletores no padrão atual da Fiat (na versão Sport; na Lounge, são bem mais sutis e interessantes), e logo acima um sistema de som digital e com interatividade (inclusive comando por voz) que é dos melhores já testados por UOL Carros.
DE ONDE VEM, PARA ONDE VAI

O Fiat 500 vendido no Brasil é fabricado na unidade da marca italiana na cidade de Tychy, na Polônia. No entanto, a incorporação da norte-americana Chrysler pela Fiat pode levar sua produção à cidade mexicana de Toluca. Se viesse de lá, o 500 não pagaria taxa de importação para entrar no Brasil. Perguntados sobre essa possibilidade, os executivos da Fiat brasileira desconversaram. Também não quiseram responder, quando questionados por UOL Carros, se o carrinho será vendido nos Estados Unidos como modelo Chrysler ou Fiat. "Quem sabe não será nem um nem outro, quem sabe será como Cinquecento", despistou o presidente da empresa, Cledorvino Bellini (Na foto, o chefão da Chrysler, Jim Press, desembarca de um 500 no Salão de Nova York, em abril último). Ainda de acordo com os executivos da Fiat, o carro a ser vendido no Brasil "é esse que está aqui". Ou seja, pelo menos por ora está descartada motorização bicombustível para o modelo. Também fica no limbo a vinda da versão Abarth, com motor turbo. A expectativa de vendas do Fiat 500 é de até 300 unidades por mês, e o primeiro lote do modelo, que já está em 150 das concessionárias da marca, conta com cerca de 500 carros. (Claudio de Souza, enviado especial ao Rio)ESPAÇO? NÃO TEMAssim como no smart fortwo e no Mini Cooper, o espaço interno é uma questão relevante no Fiat 500. Por alguma razão, um executivo da Fiat disse, na apresentação à imprensa, que o carrinho abriga quatro pessoas de 1,85 de altura. No entanto, o entre-eixos de apenas 2,3 metros aproxima e eleva os assentos dianteiros e traseiro, apesar de as rodas ficarem nas extremidades da carroceria. Isso tem um efeito imediato no interior do 500.No test-drive, este repórter, com 1,71 metro, sentou-se atrás do banco do passageiro, que em seguida foi ocupado por um colega de 1,76 metro. Coubemos no 500, mas com aperto -- ou, no melhor arranjo possível dos bancos, com uma ligeira sensação de claustrofobia. Uma viagem longa seria intolerável. E as cabeças de ambos quase tocavam o teto -- na frente, com 9 cm a menos do que disse a Fiat; atrás, com 14 cm a menos.Não que isso seja um problema: quem é "cult" não leva filho nem carona no carro (ou pelo menos não nesse carro). No fundo, nos dias atuais, e principalmente no Brasil atual, o Fiat 500 vai servir como ícone do transporte urbano radicalmente individual. É algo em perfeita harmonia com a ideologia do "eu sou diferente" (e, portanto, "eu não me misturo").PRIMEIRAS IMPRESSÕESUOL Carros experimentou o 500 ao volante e como passageiro, num test-drive bastante curto e conservador, entre o Morro da Urca e o Aeroporto Santos Dumont, no Rio. O exemplar era um 500 Sport Dualogic. Já havíamos experimentado uma unidade manual -- cujo câmbio de seis marchas mereceu nosso aplauso -- durante o Quatro Rodas Experience, no Autódromo de Interlagos; daí a opção por testar, agora, o carro dotado de transmissão automatizada.Apesar do espaço interno limitado, o Fiat 500 "veste" bem o motorista. O volante tem boa empunhadura, os comandos são posicionados adequadamente e a alavanca do câmbio fica numa inusual posição elevada -- uma solução para amenizar o aperto que acaba dando mais charme ao carrinho. O ponto negativo da cabine é o painel de instrumentos. Houve quem achasse graça na verdadeira bagunça de mostradores analógicos e digitais alocados um dentro do outro. Mas a confusão é inevitável na hora da leitura dos dados.A experiência de conduzir o 500 faz jus à carinha simpática do carro. O motor 1.4 é perfeitamente suficiente para garantir diversão, com acelerações e retomadas interessantes e uma sensação de "nervosismo" no trânsito urbano do Rio -- que não estava carregado, mas sempre é desafiador -- ampliada pela direção elétrica, que nos pareceu bem direta em velocidades mais elevadas.Dá até para usar com o 500 a mesma afirmação que se fazia sobre o Ford Ka da geração anterior: é (quase) como guiar um kart. Aliás, de todos os carros que já experimentamos, um dos mais parecidos com o Fiat 500 é justamente o antigo Ka com motor 1.6, versão meio esquecida na atual geração do modelo.Isso, apesar do câmbio Dualogic. Não é porque foi aperfeiçoado para a linha 2010 da Fiat, e muito menos por estar instalado num carro feito na Europa, que ele ficou bom. No modo automático, os trancos a cada mudança de marcha continuam fortes, e a seleção delas em situações de estresse tem qualidade discutível. Dá até para apostar: se numa determinada ocasião você gostaria de reduzir de quinta para terceira, pode estar certo de que vai entrar a segunda...
TODOS OS DADOS DO CINQUECENTO

Motor de 1,4 litros do 500 desenvolve 100 cavalos, segundo a Fiat, embora 100 hp equivalham a 101 cv; torque é de 13,4 kgfm
Por isso, trocar as marchas no modo sequencial, na alavanca ou nas borboletas atrás do volante, torna o sistema mais amigável e aumenta o prazer de conduzir o 500. Mas o carro com câmbio manual é mais interessante.A Fiat fez o que estava a seu alcance na "tropicalização" da suspensão do 500, dando a molas e amortecedores mais elasticidade e curso para enfrentarem os pisos brasileiros, piores que os europeus. De fato, o sistema não é duro, mas não dá para fazer milagres num carro tão curto. Os ocupantes são bem tratados na medida do possível, mas as irregularidades da pista podem incomodar, especialmente em viagens mais longas. Quanto ao consumo, a Fiat promete 13 km/l de gasolina na cidade, e (improváveis) 17 km/l na estrada. Marcas respeitáveis, sem dúvida.A conclusão após a experiência de guiar o 500 é meio óbvia: o modelo da Fiat custa quase o mesmo que um smart, mas é mais carro (em todos os sentidos) que o pequetico dois-lugares da Daimler. É pelo menos R$ 20 mil mais barato que o Mini Cooper, e é "tão carro" quanto o redivivo da BMW -- e até entrega mais conteúdo. A comparação com o New Beetle, então, não precisa nem começar, porque o fator novidade é importante para um carro de imagem.Então, caro leitor, caso você se considere um adepto do "luxo cult" e queira dar um toque "vintage e contemporâneo" à sua garagem, já sabe que uma paradinha na concessionária Fiat mais próxima tornou-se obrigatória.* O jornalista viajou a convite da Fiat do Brasil