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segunda-feira, 23 de abril de 2012

Devotos de São Jorge tatuam imagem do santo como escudo protetor






A famosa oração a São Jorge, um dos santos mais populares da Igreja Católica, é considerado um amuleto para muitos devotos. Parte dela diz: “Armas e fogo, o meu corpo não alcançarão. Facas e lanças se quebrarão sem ao meu corpo chegar”. Foi com esse intuito de proteger o corpo e a alma, que o garçom Andres Atahides resolveu tatuar nas costas uma imagem do 'Santo Guerreiro'.
“Aprendi que as traições vêm pelas costas. Como não posso ver pelas costas, a tatuagem serve como um escudo protetor”, diz. A tatuagem feita em seis sessões de três horas de duração cada, é também uma forma de agradecimento ao santo.
Assim como Atahides, outros devotos resolveram mostrar essa gratidão ao santo protetor através da tatuagem. Mesmo sem fortes ligações com a Igreja Católica, eles levam no corpo um dos símbolos da instituição. “Não sou coroinha de igreja, mas eu queria uma tatuagem que pudesse me dar proteção. Fui buscar na oração, na imagem de São Jorge essa força. Quando estou com problemas, penso na imagem, penso na tatuagem, passo a mão no braço e sinto que há proteção”, diz o comerciante Maurício Lanza que tem tauado um São Jorge no braço.
Ele e Atahides foram tatuados pelo mesmo artista, o tatuador João Paulo. Ele diz que na Bahia, os símbolos religiosos são bastantes tatuados. Por conta de um estilo 'realista', ele é muito procurado para desenhos como esses. “Muita gente busca uma tatuagem que representa um símbolo de proteção. Dentre os santos católicos, São Jorge é um dos mais procurados”, diz.
Para o teólogo Manoel Filho, São Jorge é um santo que está na moda. Ele explica que em cada período histórico a expressão da fé se adequa com a linguagem. “As novas linguagens e os novos tempos vão adequando a fé. No cristianismo primitivo as imagens dos santos eram pintadas nas lápide das sepulturas. Na idade média elas eram pintadas nos vitrais góticos. No Renascimento, as imagens eram feitas nos tetos das catedrais. A expressão da fé se adéqua com o tempo, e esse tempo atual é o da tatuagem. A fé é a mesma, o que muda é a linguagem”.O teólogo diz que para esses devotos que não frequentam igrejas, as imagens que carregam em seus corpos podem ser consideradas como um amuleto. “Essa fé é uma fé difusa, é uma fé não institucionalizada. E isso é uma ação do pós-moderno, que reedita o sagrado, que é um sagrado sem instituição”, conclui.
Devoção de família
O nome veio por devoção do pai ao Santo Guerreiro. O publicitário Jorge Moreno conta que desde pequeno, ele era orientado pelo pai, que também se chama Jorge, a pedir a benção as imagens do santo em casa. “Sempre que íamos viajar, meu pai perguntava se eu já tinha pedido a benção a São Jorge. “Já falou com São Jorge?”, perguntava ele. Eu me vejo como devoto desde pequeno. Todo o dia 23 de abril, eu vou à igreja dedicada a ele e presto minhas homenagens. Essa ligação com o santo é tão forte que tem gente que me liga no dia de São Jorge e não me liga no meu aniversário”, conta.Atualmente Jorge Moreno possui seis tatuagens; a primeira foi a de São Jorge. “A minha única tatuagem que possui um significado é a imagem de São Jorge. Todas as outras servem como um adereço, porque eu acho que ficam esteticamente bonitas em mim. A tattoo do santo tem a função de estar perto de mim, de me proteger”, revela.
Mesmo não indo para a igreja frequentemente, Moreno conta que se considera um devoto do santo. “Acho que São Jorge ficou tão grande que ele passa o limite da igreja Católica. Ele está acima disso tudo”, conclui.
A fisioterapeuta Eugênia Vieira, possui duas tatuagens no corpo, uma delas é uma homenagem ao santo protetor. “Minha avó era devota e deu ao meu pai o nome do Santo. Cresci vendo a imagem do santo em minha casa. Sei que ele é ele quem me protege”, revela.
Ela conta que, após o falecimento do pai, a relação com o santo ficou mais forte. “Meu pai faleceu há 12 anos e desde então, eu carrego imagens de São Jorge comigo, em forma de pingente. Há um ano resolvi tatuar a imagem. É uma homenagem ao santo e a meu pai”, diz.