A máquina do Santos dos anos 50 e 60, que tinha Pelé, Coutinho, Mengálvio, entre outros craques, foi a razão dos pesadelos dos corintianos por muito tempo. Além de assistir ao time da Vila Belmiro comemorar grandes conquistas no período, o Corinthians viveu grande sequência sem vencer o rival.
Foram 11 anos, entre 1957 e 1968, sem conseguir bater o Santos pelo Campeonato Paulista. Apesar de ter vencido o Peixe por quatro vezes (três pelo Rio-São Paulo e uma pela Taça São Paulo) durante o período, o incômodo era inevitável para o time e para a Fiel.
– Nosso time sofria muito com essa sequência sem vitórias – lembrou o ex-ponta-direita Paulo Borges, em entrevista ao LANCE!, mesmo 42 anos depois.
O sofrimento geral acabou em 6 de março de 1968. E foi Paulo Borges quem começou a construir a vitória que libertaria o Corinthians.
O cenário da partida, em uma noite de quarta-feira, estava construído. O Santos adentrou ao gramado do Pacaembu com a temida dupla Pelé e Edu entre os titulares.
Já o Corinthians contava com algumas revelações, como os atacantes Buião, Paulo Borges e Eduardo. Na reserva, o trunfo: Lula, técnico bicampeão mundial e da Libertadores pelo Santos, comandante do clube por mais de dez anos e que ajudou a construir a escrita.
No primeiro tempo, as equipes não saíram do 0 a 0. Foi na segunda etapa da partida que a história foi construída. Paulo Borges, que ainda fazia sua terceira partida pelo Corinthians, abriu o placar aos 13 minutos e mostrou que tinha estrela. Aos 31, Flávio, o artilheiro corintiano dos anos 60, fez o segundo e sacramentou a vitória e a libertação alvinegra. E a torcida corintiana, que lotava o Pacaembu, passou a entoar o canto: “Com Pelé e com Edu, nós quebramos o tabu!”.
Mesmo jogando fora de sua posição, Paulo Borges foi um dos heróis da noite e escreveu seu nome na História do clube paulista.
– A sensação foi uma das maiores emoções que vivi na minha vida. Ajudar o time a quebrar um tabu de 11 anos foi algo maravilhoso. Não tem nem como explicar o sentimento – assumiu Paulo Borges.
Até hoje ele não consegue.
Bate-Bola
Paulo Borges - ex-atacante do Corinthians
LANCENET!: Qual foi a sensação de contribuir para o fim de um tabu que perseguiu a torcida corintiana durante tanto tempo (11 anos)?
PAULO BORGES: A sensação foi uma das maiores emoções que vivi na minha vida. Ajudar o time a quebrar um tabu de 11 anos foi algo maravilhoso. Não tem nem como explicar o sentimento.
LNET!: Como o time do Corinthians lidava com essa escrita?
PB: O nosso time sofria muito com essa sequência sem vitórias, toda vez que havia jogo contra o Santos era esse sofrimento.
LNET!: Como vê a importância daquele gol para sua carreira?
PB: Aquele gol foi fundamental para minha carreira. Eu estava emprestado ao Corinthians e aquele era apenas minha terceira partida. Depois daquilo, fui comprado em definitivo.
LNET!: E em relação à condição de ídolo do clube alvinegro, acredita que o jogo contra o Santos contribui para tal status?
PB: Aquela partida contra o Santos foi imprescindível para eu entrar na galeria de ídolos do Corinthians. Hoje estou na calçada da fama do clube e, graças a Deus, é para o resto da vida.
"Nota da redação: Ao lado de Flávio Minuano, Paulo Borges colocou seus pés na calçada da fama do Memorial do Corinthians no dia 13 de março de 2010."